Semana de Inovação encerra edição histórica projetando protagonismo de ‘futuro coletivo’ na edição 2026

Evento reuniu mais de 16 mil inscritos, destacou acessibilidade, inclusão e sustentabilidade, com debates que dialogam com COP30 em diferentes dimensões

Brasília, 2 de outubro de 2025 - A Semana de Inovação 2025, promovida pela Escola Nacional de Administração Pública (Enap) em parceria com diversas instituições, encerrou sua edição mais ampla e diversa com números recordes e uma agenda conectada aos grandes desafios globais. 

A presidenta da Enap, Betânia Lemos, encerrou oficialmente a Semana de Inovação 2025 na noite de ontem (2/10). Ao lado da diretora de Inovação, Camila Medeiros, e da coordenadora-geral de Gestão do Conhecimento e Comunidades para Inovação, Denise Vianna Köche, Betânia leu o manifesto de encerramento da Semana de Inovação 2025 e anunciou o tema da edição 2026: “O futuro é coletivo: sonhar e realizar futuros sustentáveis, justos e plurais.” O conceito que deu origem ao novo tema busca reforçar a ideia de que a inovação é uma ferramenta essencial para desenhar e concretizar os futuros desejados.

"Queremos convidar vocês a dar um próximo passo conosco. Todo esse movimento não termina aqui. Ele se projeta para o futuro que estamos imaginando", disse a presidenta da Enap. "O futuro é coletivo, ele não nasce em escritórios fechados e nem em planilhas no computador", afirmou Betânia, citando trecho do manifesto. Camila completou o revezamento da leitura, num momento que deu contornos palpáveis para a proposta de construção coletiva por trás da Semana de Inovação. "O futuro acontece agora e somos nós quem o fazemos", disse a diretora de Inovação. "Se nossas ações moldam o futuro, temos uma responsabilidade e a oportunidade de decidir que futuros queremos viver", completou Camila.

A Semana de Inovação 2025 não apenas debateu, mas também avançou em compromissos práticos. A Enap lançou um plano de sustentabilidade para eventos, que servirá como guia replicável para outras organizações, reforçando a importância da responsabilidade ambiental em grandes encontros. O evento, que fez parte da programação oficial pré-COP30, consolidou-se como o maior e mais diverso já realizado, reunindo mais de 16.892 inscritos totais, com milhares de pessoas circulando presencialmente na sede da escola ao longo desses três dias.

A edição foi marcada por acessibilidade e pluralidade, registrando o recorde de 946 Pessoas com Deficiência (PCDs) inscritas. A programação somou mais de 500 horas, distribuídas em mais de 300 atividades, desde oficinas práticas até diálogos internacionais de alto nível, com a colaboração de mais de 560 parceiros e a participação de representantes de mais de 13 países.

Ao longo dos três dias, a Semana trouxe reflexões centrais sobre o futuro do Estado. A futurista Rosa Alegria defendeu a ideia de que as escolas devem funcionar como “laboratórios de futuros”, estimulando crianças e adolescentes a desenvolver competências críticas em um cenário de incertezas crescentes. Para ela, preparar jovens para lidar com transformações sociais, econômicas e tecnológicas exige uma educação conectada à tomada de decisão e à imaginação de alternativas possíveis, e não apenas ao ensino de conteúdos tradicionais.

Na agenda ambiental, a ativista Kamila Camilo alertou para os riscos do aquecimento global e reforçou a regeneração dos ecossistemas como caminho para a justiça climática. Ao apresentar dados recentes sobre os impactos da crise, ela chamou atenção para a responsabilidade coletiva diante do colapso ambiental. Sua fala evidenciou a necessidade de políticas públicas robustas e integradas, ao mesmo tempo em que destacou que mudanças estruturais dependem de vontade política e da atuação conjunta de governos, empresas e sociedade civil.

Com foco em sustentabilidade urbana, a pesquisadora chinesa Changsu Song apresentou o conceito de Cidade Esponja, modelo que busca absorver e reutilizar a água da chuva por meio de parques inundáveis, áreas verdes e sistemas de drenagem inteligente. A estratégia, já aplicada em cidades chinesas, tem se mostrado eficaz no enfrentamento a enchentes e na redução de impactos ambientais da urbanização acelerada. Em sua fala, Song destacou como o modelo pode ser adaptado ao Brasil, onde grandes centros urbanos enfrentam desafios semelhantes, especialmente diante do aumento de eventos climáticos extremos.

A diversidade cultural foi destaque em palestra da psicóloga e ativista indígena Geni Nuñez defendendo o “reflorestamento do imaginário” como estratégia para repensar inovação e sustentabilidade. Ela ressaltou que a valorização dos saberes indígenas e epistemologias diversas é fundamental para construir soluções mais plurais e coletivas. A partir da experiência do povo Guarani e de sua própria trajetória acadêmica, destacou o papel das comunidades originárias na produção de conhecimento e na transformação dos espaços institucionais.

A programação incluiu ainda a apresentação do Espaço TEIA, hub GovTech da Caixa criado em 2024, que já reúne 30 startups com soluções voltadas para saúde, educação, sustentabilidade e infraestrutura. O projeto mostrou como a conexão entre tecnologia e setor público pode acelerar a transformação digital em municípios de pequeno e médio porte, ampliando a capacidade de resposta das administrações locais. Além disso, experiências de inovação cidadã vindas de países latino-americanos reforçaram a relevância dos saberes comunitários e ancestrais como base para políticas públicas inclusivas e participativas.

Também no campo da cooperação internacional, o CLAD (Centro Latino-Americano de Administração para o Desenvolvimento) lançou a Academia de Inovação Pública e Governança do Futuro. A iniciativa reúne cursos, especialistas e metodologias voltadas à transformação da gestão pública nos países ibero-americanos, reforçando a inovação como eixo estratégico de modernização do Estado. Com isso, a Semana reafirmou seu caráter global, articulando experiências locais e internacionais em um mesmo espaço de aprendizado coletivo.

O evento foi marcado pelo reconhecimento de práticas transformadoras. O 29º Concurso Inovação no Setor Público premiou iniciativas de alto impacto que reforçam o papel da criatividade e da gestão moderna na melhoria dos serviços ao cidadão. Já o Prêmio Orçamento Público passou a se chamar Prêmio Roseli Faria, em homenagem à analista de planejamento e orçamento que idealizou a iniciativa e se tornou referência no debate sobre orçamento público como instrumento de justiça social. Sua trajetória foi lembrada como um legado de compromisso com a inclusão, a equidade e a sustentabilidade, reafirmando a importância de construir políticas orçamentárias capazes de reduzir desigualdades históricas no Brasil.

A SI 2025 também integrou a agenda preparatória da COP30, que será realizada em novembro, em Belém (PA). Nesse papel, o encontro consolidou-se como espaço estratégico para alinhar debates globais a práticas locais, aproximando governos, sociedade civil e comunidade internacional em torno de soluções para a crise climática. Um dos momentos mais simbólicos foi o Banho de Floresta, atividade externa que promoveu imersão na natureza e reflexão coletiva sobre saúde, bem-estar e sustentabilidade, mostrando que a inovação também passa por vivências sensoriais e pela reconexão com o território.

O encerramento reforçou a aposta da Enap em inovação sustentável e inclusiva, com o lançamento de um plano de sustentabilidade para grandes eventos e o anúncio do tema da próxima edição: “O futuro é coletivo: sonhar e realizar futuros sustentáveis, justos e plurais”. Para Camila Medeiros, a Semana não se encerra com o evento, mas aprofunda um ciclo de transformação contínua.

Com números históricos, diversidade de temas e forte conexão com a agenda da COP30, a Semana de Inovação 2025 reafirma seu papel como o maior encontro de inovação em governo da América Latina, aproximando gestores públicos, sociedade civil e parceiros internacionais na construção de políticas mais justas, sustentáveis e colaborativas.


Sobre a SI 2025

A Semana de Inovação 2025 é realizada pela Enap em parceria com a Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais (Flacso), o Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos (MGI), o Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA) e o Tribunal de Contas da União (TCU). Nesta edição, inclui a parceria do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) e do Ministério da Saúde.


O patrocínio master é da Caixa Econômica Federal. Também são patrocinadores a Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), a Empresa de Tecnologia e Informações da Previdência (Dataprev), a Itaipu Binacional, a Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI), o Serviço Federal de Processamento de Dados (Serpro), o Tik Tok, o Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR (NIC.br), o Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br), o Banco do Nordeste do Brasil, o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e o Governo do Brasil. O evento conta com apoio da Federação Brasileira de Associações de Fiscais de Tributos Estaduais (Febrafite), do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), do Banco de Desenvolvimento da América Latina e do Caribe (CAF) e da Fundação Dom Cabral.




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